quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Você se masturba?

Antes de você ler esse texto algumas orientações. Se você acredita que masturbação é pecado e ponto final, portanto não merece discussão, não leia o que escrevi. Se você acredita que não sou ninguém para escrever sobre o assunto, também não leia. Se você nunca ouviu essa palavra, converse com seus pais antes de seguir com a leitura. Agora, se você quer ler algumas verdades e ver o que tenho aprendido ao longo dos últimos anos sobre esse pecado, continue lendo, vai ser legal. Depois não diga que eu não avisei.

Essa pergunta, certamente, te surpreendeu. Pois bem, a mim também. Uma pessoa próxima a mim fez essa indagação quando eu menos esperava. Fiquei surpreso, não menti e dei a resposta. 

Aí alguém vai pensar “é claro que você respondeu que não”. Não necessariamente! Antes da minha resposta, mais surpreendente ainda, expliquei algumas coisas para essa pessoa e para a outra que estava conosco. E repasso aqui alguns detalhes que disse lá. 

Primeiro, masturbação, “punheta” ou outro nome que role pelas ruas afora é algo normal do adolescente (e do jovem também) no mundo de hoje, que é cercado por pornografia gratuita. Lembro-me bem da época em que eu nunca tinha ouvido falar disso e, um dia, sem querer, li essa palavra numa revista daquelas tipo “Viva mais”. Segundo que, hoje os meninos (e meninas também) não descobrem isso nas revistas para “mães” e, sim, na escola, nas conversas na rua, durante a “pelada” no campinho, etc. E não é com a expressão formal que comecei esse texto. Lembro também da primeira vez que alguém me perguntou se eu fazia isso. O sujeito questionou: “você toca?” Eu fiquei sem saber responder, afinal não tinha noção que ele estava se referindo ao tal feito, mas depois entendi. Terceiro, isso é visto como tabus dentro das igrejas evangélicas e todo mundo lida como se não existisse, ou como se todo mundo fizesse e não precisasse ser discutido. 

Mas por que estou escrevendo isso? Porque esse assunto sempre me causou estranheza, principalmente depois da minha conversão. Por que eu fazia aquilo? Só porque era normal? De fato, não. E desde que me converti, sempre vi como pecado, e continuo vendo. Mas de uma forma diferente. 

Voltando para a situação com as duas pessoas, perguntei (já depois da minha resposta) se depois que eles “batem uma” vem aquela culpa, aquele sentimento de “não devia ter feito isso!” A resposta foi positiva. E é aí que está a razão de eu usar esse espaço para escrever sobre o fato. Uma das mentiras que vem à nossa mente é que somos pecadores e não merecemos mais nada a não ser fogo. 

De certa forma seria isso sim, mas a verdade é que Jesus já nos libertou e nos comprou com seu sangue. Somos dele e não mais do diabo, entregues às paixões da carne. Ah, então quer dizer que nunca mais um solteiro cristão vai se masturbar? Não. Aí que está o detalhe. Coisas assim deveriam nos aproximar de Deus (por conta do sangue de Jesus) e não nos separar (por conta do pecado em si). Depois da masturbação o sentimento de um cristão normal é a frustração, a culpa. Como não há discussão franca sobre o assunto nas igrejas (pelo menos nas que eu conheço), o normal é quem se masturba se sentir mal, já que a primeira impressão que tem é que é pecado e que não merece Deus. 

Resultado: o cara se afasta porque ele não consegue parar de se masturbar, ou então, continua levando uma vida dupla. Quase finalizando... Certa vez fui numa pregação com o tema “puro num mundo pornô”. Muito show a pregação, que citou a “punheta” como algo que acontece mesmo, mas que é pecado. O maior detalhe (que achei) foi o fato do missionário ser solteiro. Eu nunca tinha ouvido uma pregação sobre isso de alguém nessa condição. Passei essas informações para meus ouvintes. 

Até que chegamos ao fim (ou quase). Masturbação é pecado sim, mas não é pior que mentira, falsidade, fofoca, roubo... é tudo do mesmo pacote. Ou seja, precisa ser tratado como qualquer outro pecado. Assim como vez ou outra caímos em algum desses “normais”, há quem vá dar mole e se masturbar. Estou errado? 

Não estou fazendo apologia à masturbação, ou dizendo para os adolescentes irem e “tocarem” à vontade. De jeito nenhum, mas enfatizando a importância de tratar isso como um fato normal, pecaminoso, mas que é coberto e limpo pelo sangue de Jesus, mesmo com os deslizes corriqueiros. 

Não pense você que isso é algo anormal e que sou um pervertido ao usar algumas expressões vulgares nesse texto. Nessa conversa que tive, os termos usados eram esses e, nem por isso, deixei de ser cristão. Jesus comia com publicanos e pecadores e, acredito eu, usava o mesmo vocabulário (vide as parábolas). 

Enfim, você deve estar revoltado porque até agora não contei a resposta que dei... Pois bem, a resposta foi sim. Mas não foi o bastante, os sujeitos perguntaram o dia. Como eu não podia mentir, disse... tinha sido um dia antes da conversa. Foi surpreendente, mas um fato.

Mas aprendi muita coisa ao longo desses anos. Quer mostrar ao mundo o amor de Deus? Viva-o. E dizer que me masturbei é a prova que preciso e dependo desse amor, que me aceita como sou, mas não me deixa como estou. Acredito que, fazendo assim, deslizes como o meu se tornam raros e, mais ainda, vidas são alcançadas porque veem que não são os nossos méritos que nos levam para o céu e sim a graça de Deus!

PS. Para deixar claro que não precisamos de revistas ou "fontes pornográficas", recomendo que leia também um texto do pastor Marcos Botelho que publiquei aqui no blog intitulado "Ela nos masturba".  Vai ajudar a entender mais do porquê de eu ter escrito isso aqui.

Nenhum comentário:

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...